Sessão cachoeira

Quem conhece um pouco sobre a Umbanda sabe que é uma religião que tem como um de seus pilares as forças da natureza. Ter a oportunidade de realizar uma cerimônia religiosa no ambiente natural dos Orixás é uma das experiências mais incríveis e engrandecedoras que podemos ter um dia.

Estar em uma cachoeira é se conectar com a água doce, a terra, o barro, os ventos, as matas e a pureza sublime da criação do Pai Maior. Sem barulhos ou distrações que a “cidade grande” tem e que nos afasta das sensações de paz e calmaria. Tudo isso é essencial na vida do Umbandista, não só em períodos de encerramento de ano, mas também em todo o período que temos no decorrer das nossas vidas.

Na Cachoeira celebramos a água doce de Mamãe Oxum, que nos ensina sobre como podemos ser calmaria em todos os nossos percalços da vida, mas sabendo ser tromba d’água quando for preciso. Temos também a lama e o barro da beira dos lagos e das águas paradas que desaguam das cachoeiras, nesse ambiente sentimos a energia de Nanã de forma forte e imponente. Nanã é o Orixá mais velho, traz com ela a sabedoria da criação, nos inspira a buscar sempre pelo caminho do bem seguindo a luz e ensinamentos de Oxalá.

Iansã está presente nos bambuzais e na força do vendo que movimenta as matas. Oyá é a força bruta de um búfalo com a leveza do bater das asas de uma borboleta. Ela é guerreira e protege os seus com sua espada forjada com as raizes de sua terra. Estar presente no habitat natural de Iansã é recarregar as energias para se manter firme nas batalhas da vida, é entender que a cabeça erguida deve ser mantida sempre pra poder enxergar no horizonte o início e também o fim das batalhas que precisamos combater.

A terra que precede as águas, a terra seca que parece morta, mas é vívida em sua essência é onde o silêncio reina, onde o vento sussurra e levanta em redemoinhos circulares as palhas do velho Obaluaê. Ele faz morada nas energias da calunga pequena, mas onde tiver terra, coloque o pé descalço no chão e chama por Ele com fé. Sua energia horas anciã e quando precisa jovial nos ajuda nos percalços mais dolorosos da carne. É Ele quem conduz o fio de união da vida e da morte, Ele é quem dá o maleime necessário para curar as doenças, ele abraça e recolhe pra si as feridas da pele e da alma de seus filhos.

Ogum com sua cavalaria habita nos campos que unem as terras da cachoeira com as areias da praia, a força do valente guerreiro e suas ferramentas forjadas em ferro está presente nas campinas que encontramos nessa Terra sagrada. Ogum guerreiro atua como o cobrador das sentenças dos que habitam em nosso plano. Ele ensina os que não entendem a retidão de Zambi e cobra de quem tem consciência de seus atos e mesmo assim o fazem erradamente. Seu Ogum dá, seu Ogum tira. Ele dá pra quem sabe aproveitar.

Xangô está nas pedreiras, ele manda nos raios e junto com Iansã nos trovões e tempestades que alimentam as águas de Oxum e as matas de Oxóssi. Ele é o sentenciador de toda justiça divina, está sempre lutando pelos seus e colocando pedras para que seus filhos colecionem grandes ensinamentos nessa vida terrena e possam evoluir como espírito em busca do “ser melhor” para o próximo.

Oxóssi é o rei das matas, protege toda a energia do verde que habita nas florestas, os animais, as plantas e tudo o que vive e respira nas matas. Ele corta o céu com sua flecha e traz pro seu povo a prosperidade e energia que precisamos nos tempos difíceis que vivemos. É dele a vontade de ser e ter o melhor do divino em nós.

Com toda essa energia já se imagina que a experiência nesse lugar sagrado é inesquecível e sentir vontade de voltar é inevitável.
Salve a Cachoeira
Salve os Orixás da lei de Umbanda
Salve a Caridade